“O tempo corre contra eles.”
Em entrevistas, jovens em abrigos revelam o medo de completar 18 anos sem serem adotados. Muitos associam a maioridade ao risco de enfrentar a vida sem apoio, sem família e sem rede de proteção.
Instituições de acolhimento relatam que, mesmo em idade avançada, os adolescentes ainda sonham com um lar definitivo.
Em diferentes estados brasileiros, adolescentes que vivem em instituições de acolhimento revelam um medo em comum: chegar aos 18 anos sem serem adotados. Ao completarem a maioridade, eles precisam deixar os abrigos e enfrentar a vida sem o amparo de uma família, muitas vezes sem recursos, rede de apoio ou perspectivas claras de futuro.
Em depoimentos a reportagens e pesquisas acadêmicas, jovens descrevem a sensação de invisibilidade. Muitos dizem que veem as crianças menores sendo adotadas rapidamente, enquanto eles permanecem esperando. O receio de sair sozinho para o mundo acaba se transformando em ansiedade, tristeza e, em alguns casos, em desistência da própria esperança.
Educadores e psicólogos reforçam que, mesmo na adolescência, ainda há tempo de criar vínculos e de transformar histórias. O acolhimento de um jovem nessa fase exige sensibilidade, mas pode representar uma mudança definitiva de trajetória. Afinal, cada ano que passa não deveria ser visto como perda, mas como oportunidade para que uma família escolha amar — antes que seja tarde.